Segue texto de Luciana Rabelo e meu:
Uma das mais antigas e belas construções do sertão pernambucano está ameaçada. O prédio da antiga usina de beneficiamento de algodão - localizado na cidade de São José do Egito, no Vale do Pajeú – com as últimas chuvas caídas este ano na região a situação ficou ainda mais crítica tendo caído o telhado de um dos salões. Inaugurada na década de 20, do século passado, a história da Usina se confunde com a história do Pajeú.
Era a Usina que fornecia energia elétrica para a cidade de São José do Egito, até a década de 60. Era no espaço da Usina - que ocupa mais da metade de um quarteirão – onde eram ensaiadas e encenadas as peças teatrais apresentadas na cidade, entre os anos 40 e 60. Na década de 60, após o golpe militar e o falecimento do proprietário e político Inácio Mariano Valadares, a Usina foi fechada. Em 1980, a construção foi retomada e ocupada por uma das herdeiras: a poetisa e professora Clene Valadares, filha do antigo proprietário. O espaço começou a funcionar como centro cultural, com aulas de capoeira, teatro e línguas. Hoje, o prédio sede dessas atividades artisticas e cidadãs se encontra em estado de precária manutenção. Clene como coordenadora do espaço coloca que a ajuda que recebe, é muito mais de mão de obra e boa vontade que ajuda financeira - "as pessoas mais carentes são as que mais me ajudam". O prédio, que inda dispõe de parte do maquinário de usina como caldeiras e dínamo, além de abrigar esse conjunto de atividades, funciona como museo informal, estando aberto a visitantes, além de ser a morada da poetiza que arriscando nas artes plásticas ornamenta e decora o prédio com pinturas e mosaicos. Clene, que durante a ditadura militar teve que sair do país, ciganou por varios lugares do mundo, se diz forte admiradora de Gaudi, talvez muita coisa que faz tenha essa influência. A cidade de São José do Egito, sua terra natal, é conhecida mundialmente como o berço da poesia popular, berço dos mais aclamados repentistas. A riqueza cultural do povo da Região, povo contador de ‘causos’, piadas, poesias e de cantoria faz da região uma terra realmente sagrada. Todos precisamos estar atentos ao valor histórico e cultural da construção, que deveria ser tombada e assim continuar a ser utilizada para abrigar um centro cultural beneficiario de toda a região.
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