28 dezembro 2005

A intangivel Clene Macambira

coração x coronelismo

essa semana foi punk, a prefeitura ''acoloiada'' com o poder judiciário foi derrubar um prédio que minha mãe mora há mais de vinte anos, um prédio antigo de uma usina de beneficiamento de algodão, minha mãe tava lá e quando(ou)viu foi a zuada do trabalhadores derrubando a parede...pegaram ela de surpresa, ela sozinha ''e Deus'', começou a tentar impedir a destruição... foi imoral! acabaram prendendo ela, uma prisão totalmente arbitrária ( quando fui lá em janeiro pecebi que todas as portas de casa tinham sido arrombadas e tambem algumas janelas). no momento eu estava em recife, uma vizinha da mamãe que me telefonou dando a notícia indignante, fiquei super aperriada e sai ligando pros amigos pra ver se alguem me ajudava, Joaquim, um amigo da receita federal, ligou pro secretário de obras e botou moral, dizendo que mainha era uma ativista conhecida mundialmente e que estava certissima em defender seu patrimônio, não só seu mas um patrimônio que a gente vem lutando pra que seja tombado... agora ela tá em Recife, mas acho q dia 28 estaremos indo pra lá gravar umas imagens daquela babilônia sertaneja, estou avisando aos amigos que vai chegar um dia da gente fazer um grande evento protesto lá na usina... penso que agora no fim do ano agente realise pelo menos uma mostra tematica de vídeo... com filmes que tenham relação com a questão do PATRIMÔNIO, algo que sensibilize a população; naradores de javé, cinema paradiso, fora o video documentário que já tamos fazendo sobre a história da usina, sua trajetória enquanto usina de beneficiamento de algodão, geradora de energia e centro cultural.

Raiz e asas!

Divulgem essa luta.
Abraço forte,

Anaíra Mahin.

18 agosto 2005

"sob os pés da brutal estupidez"

Meu amigo onde está teu sangue azul
Não és rei te ilude a alva pele
O que manchas talvez também te mele
Não me ofenda ofendendo o pajeú
É mais belo dizer: tome no ku
Como um sábio ditado em chinês
Sendo a planta a respiração da tez
Quem destrói não é muito inteligente
Cai um pé de algaroba inocente
Sobre os pés da brutal estupidez.

Essa planta parente de bombril
Pois que tem mil e uma ultilidades
Vem comendo o pão que amassou hades
Alcançou essa terra de estiu
Africana trazida pro brasil
Que agora já fala matutez
Faz lembrar a revolta dos malês
Que ouvi duma negra resistente
Cai um pé de algaroba inocente
Sobre os pés da brutal estupidez.

Cai um pé de algaroba inocente
E eu volto a questão da realeza
Recordando uma história de tristeza
E trazendo a lição para o presente
Uma história passada no oriente
Que falava espanhol cum portuquês
Coroaram já tarde a bela Inês
Mas que hoje se encontrem novas porta
Que não mais caia essa sombra morta
Sob os pés da brutal estupidez.

Nessa terra de angico e baraúna
De juá, barriguda e mulungú
Vem o homem que arranca e deixa nu
todo solo pra ver se vira duna
Rogo, peço pra são bento do una
Pois são zé abalou-se de repente
Não enxerga um palmo a sua frente
E o dinheiro é que elege novos reis
Sobre os pés da brutal estupidez
Mais um pé de algaroba inocente.

Vem as leis naturais, o tsuname
E as leis imorais, desmatamentos
Enfrentar a força dos elementos
Faz o homem passar muito vexame
Ele próprio cultiva seu desmame
Mata mãe e irmãos, faz suas leis
Não percebe tamanha insensatez
E às vezes até se diz um crente
Cai um pé de algaroba inocente
Sobre os pés da brutal estupidez.

O mote é outro, mas é o mermo

"caiu um pé de algaroba indefeso
sob os pés da brutal estúpidez ."

(mote de lamartine passos)


Aí escrevi:
É tamanha no homem a ignorância
que faz merda fingindo que é o bem
os políticos nenhum respeito têm
com a terra agindo em discrepância
despertando no povo forte ânsia
de ver longe tão grande insensatez
afastar de São Zé a sordidez
de um prefeito que agride e sai ileso
caiu um pé de algaroba indefeso
sob os pés da brutal estupidez

Não se pode mexer com a natureza
a não ser por motivo bem sagrado
seu Evandro então tome cuidado
qualquer dia lhe vem uma surpresa
é a Mãe que com toda a sua pureza
vos aplica a lição de uma vez
não se queixe depois da escassez
quem faz isso devia era ser preso
caiu um pé de algaroba indefeso
sob os pés da brutal estupidez

Luciana Rabelo

assassino serial do sertão

Além das inumeras mortes dos infelizes e hormonizados frangos de granja, Evandro (granjeiro e prefeito de sâo zé do egito) , traz novas vítima à sua lista... vem arrancando tudo quanto é pé de planta da cidade...
as aves artificias já matavam o povo de cancer, agora o povo vai morrer sem ar.


''cai um pé de algaroba indefezo
sobre os pés da brutal estupidez''
( lamartine passos)
protestem, povo!

( taí um mote bunito pra todo mundo glosá... )


ps: fiquei sabendo que ele arrancou até o pé de azeitona da rua do pé de azeitona...

11 julho 2005

egito

recife 19 de maio de 86, nascia eu , mas como cristo fui levada por minha mãe (tambem maria) para o egito... não o egito das piramides gigantes... mas sim o egito das usinas... da minha usina de algodão... tendo são josé de padroeiro...

09 junho 2005

das coisas de transição











De manhã curso no senac, e hoje, acordei cum sorriso aberto pro dia de céu azul e inversão térmica, cochilos no onibus, mas na aula tava disposta. assistimos vários 'pinguinhos' de filmes, e me abre os olhos pra pequenas coisas como; cortes, ligações de sequências... pode até ser besteira pra quem já conhece, mas pra mim é uma grandississima descoberta.
Fiquei o tempo todo pensando no material que a gente já tem, e no bucado de coisas que podemos inda gravar... nas transições...
Pra completar, o danado do prof. inda usou um trecho de cinema paradiso, prum exemplo...
quase ensaiei um choro de costume, aquele cinema queimado é minha usina.

07 junho 2005

canteiro de céu... nuvens e algodão

nuvens...
as nuvens são azuis?!
a flor da minha infancia
tão pequenina
pequenina flor menina nos canteiro da usina
onde eu corria, ria e brincava
de ''calcinha bunda rica''
sempre na saia da mãe
(que não usava calcinhas).

o povo depois da missa
passava cumprimentava:
- dona creonice! é seu menino?
pensavam qu'eu era menino,
pois tinha cabelos curtos e não tinha orelha furada.

calcada...
pernas pernas pés no chão
passavam...
e eu olhanva pras nuvens,
como toda criança do sertão
procurando chuva... d'água ou de tanajura

'' cai cai tanajura, que teu pai já morreu de gurdura,
tua mãe sou eu''...

enquanto nada caía...
(talvez caisse a tarde... )
eu brincava com as nuvens do canteiro.

entre sol e si

ô chuva cai devagar
pois saudades sinto
da chuva de meu lugar
e quando lembro de lá
dá vontade de estar lá

porque lá, quando chuvia
correndo pru mei da rua
festejá eu logo ia
saía doida no tempo
feito sibita no vento
batendo em todo portão
chamando a minha cambada
beber chuva esparramada
das janelas do sertão

''céu bunito pra chuver''
pro meu açude sangrar
e antes que o céu secasse
Deus parasse de chorar,
eu aguentava, enxarcada
batendo queixos de frio
sob as bicas jacarés
da casa paroquial
alí... do lado da usina
no tempo de eu minina
no dito: berço imortal
da poesia.

ovos de madeira

São paulo, meio frio e eu sem rumo, acabei durmindo na casa de minha prima terceira, na rua augusta. Daniela, o nome dela, uma paulistana mistura de italialinha do pai com egipcience da mãe que é prima de minha genitora... Dani tá fazendo uma oficina de moda, e os colegas da oficina convidaram para um passeio; ver no centro cultural do banco do brasil, uma exposição de arte, de um artista mineiro que mora no RJ, um tal de Farnese.
Iiniciava-se uma semana de dilúvio em são paulo, e o centro cultural, um prédio antigo, fez lembrar usina. A visita foi monitorada, uma lusitana naturalizada cá, mas inda com sutaque, que foi nos clareando na conversa. As obras me trouxeram uma coisa de passado, uma delas eram ovos de madeira, que eram usados para, remendar, refazer com agula e linha o tecido das meias 'granfinas' de outrora. Acho que tenho um pouco disso, essa coisa de querer colar em vez de jogar fora, reerguer as coisas boas da vida, cavar raízes mais fundas pra ver, revitalizar um passado bom... ultiliza-lo pra aprender o amanhã, e tão cheio em sua receita, sua essência, enriquecer o novo, dialogar.
O 'povo' lá de São José do Egito num tem conciência da impotância que tem essa danada dessa usina. mainha ligou e contou uma história recente; o secretário de 'obras' da cidade, comunicou que demoliriam o prédio pra que não caísse , - tenha civilidade, respeite o patrimonio hitórico de sua cidade!-disse mainha, que apesar dos pesares, inda mora e 'movimenta' o grande prédio.

02 maio 2005

Urgente: Berço da Poesia pode perder parte de sua história

As chuvas chegaram, trouxeram alegrias aos agricultores e ao mesmo tempo, a possibilidade de perdermos um dos marcos arquitetônicos do centro antigo de São José do Egito. A antiga usina de algodão, do ex-prefeito falecido Inácio Valadares, está com paredes comprometidas e algumas de suas partes ameçam ruir.
Ano passado o telhado do setor que abrigava um estacionamento caiu, agora, a parte que fica voltada para a antiga Sanbra e ligada a antiga Escola Cenecista São José, apresenta rachaduras. A falta de manutenção na estrutura é o principal motivo para o agravamento da situação.
A usina foi desativada na década de 70, quando a plantação de algodão entrou em crise na região, e depois do retorno da herdeira do prédio, Clene Valadares, que morava nos Estados Unidos, vários grupos culturais, literários, esportivos e de educação lá se instalaram. Durante vários anos, a produção cultural egipciense fez do local abrigo para realização de reuniões e até mesmo sede de entidades.
Uma das edificações mais antigas do município, a usina, mesmo sendo propriedade particular, é notoriamente um patrimônio histórico de nossa terra. A idéia de Clene é transformar o prédio em faculdade e/ou centro cultural. Não dispondo de recursos financeiros, a única ferramenta que dispõe para assistência à estrutura física do local é o constante apelo para a sua preservação.
Pedimos a todos os nossos amigos, que incentivem a manutenção da antiga usina de algodão, e a melhor forma é ser contra qualquer atitude de demolição de partes afetadas. Isso seria um paliativo estupidamente perverso contra a nossa história. O interesse deve partir, inclusive, do setor público, em buscar alternativas de garantir que a edificação seja mantida como de origem.
Seja contra qualquer ato que sugira a demolição de partes do prédio. Vamos repassar a idéia de transformação do local em espaço cultural e que a parte física, pelo menos externa, seja mantida como de sua construção.
(texto e foto de Geraldo Palmeria Filho em www.saojosedoegito.com)

Area danificada da usina Posted by Hello

01 maio 2005

informativo

Segue texto de Luciana Rabelo e meu:

Uma das mais antigas e belas construções do sertão pernambucano está ameaçada. O prédio da antiga usina de beneficiamento de algodão - localizado na cidade de São José do Egito, no Vale do Pajeú – com as últimas chuvas caídas este ano na região a situação ficou ainda mais crítica tendo caído o telhado de um dos salões. Inaugurada na década de 20, do século passado, a história da Usina se confunde com a história do Pajeú.
Era a Usina que fornecia energia elétrica para a cidade de São José do Egito, até a década de 60. Era no espaço da Usina - que ocupa mais da metade de um quarteirão – onde eram ensaiadas e encenadas as peças teatrais apresentadas na cidade, entre os anos 40 e 60. Na década de 60, após o golpe militar e o falecimento do proprietário e político Inácio Mariano Valadares, a Usina foi fechada. Em 1980, a construção foi retomada e ocupada por uma das herdeiras: a poetisa e professora Clene Valadares, filha do antigo proprietário. O espaço começou a funcionar como centro cultural, com aulas de capoeira, teatro e línguas. Hoje, o prédio sede dessas atividades artisticas e cidadãs se encontra em estado de precária manutenção. Clene como coordenadora do espaço coloca que a ajuda que recebe, é muito mais de mão de obra e boa vontade que ajuda financeira - "as pessoas mais carentes são as que mais me ajudam". O prédio, que inda dispõe de parte do maquinário de usina como caldeiras e dínamo, além de abrigar esse conjunto de atividades, funciona como museo informal, estando aberto a visitantes, além de ser a morada da poetiza que arriscando nas artes plásticas ornamenta e decora o prédio com pinturas e mosaicos. Clene, que durante a ditadura militar teve que sair do país, ciganou por varios lugares do mundo, se diz forte admiradora de Gaudi, talvez muita coisa que faz tenha essa influência. A cidade de São José do Egito, sua terra natal, é conhecida mundialmente como o berço da poesia popular, berço dos mais aclamados repentistas. A riqueza cultural do povo da Região, povo contador de ‘causos’, piadas, poesias e de cantoria faz da região uma terra realmente sagrada. Todos precisamos estar atentos ao valor histórico e cultural da construção, que deveria ser tombada e assim continuar a ser utilizada para abrigar um centro cultural beneficiario de toda a região.

versos

(...)
Foram dias tão bonitos
Quanto as estrelas do céu
Posto qu'estas, com seu véu
Faziam parte da festa
Trazendo aquilo que resta
Dos meus sonhos infantis
Por trás da igreja matriz
Oh Usina estás sem vida
De mágoa, aberta, ferida
Do bem que quero e quis.

Anaira conta histórias do antigo "salão grande". Posted by Hello

Caldeira Posted by Hello

As janelas da usina. Posted by Hello

Aula de capoeira na esquina da usina. Posted by Hello

marcolina

Mamãe véia Marcolina Kariri Xocó, Pipipã... do povo das Macambiras Avó véia, anciã avó da minha avó Rita Que resistiu nesse tempo Raiz da te...